Os subgêneros da Fantasia

Imagem com vários livros abertos em páginas de texto sobre uma mesa com luzes sobre alguns deles.

(Foto de Gaman Alice na Unsplash)

Se juntarmos todos os livros fantásticos já publicados, realmente teremos uma gama bem diferente entre eles. É claro que para entrarem no gênero da fantasia, precisam de algo importante: características que não fazem parte da nossa realidade, que vemos como irreais ( aprofundei um pouco mais nesse quesito no meu post Diferenças entre realismo mágico e fantasia). Mas mesmo assim, é difícil associar livros e séries como Crepúsculo e Instrumentos Mortais, que se passam durante nossa época atual, com livros como o Senhor dos Anéis, com um universo e realidade totalmente diferentes.

É por isso que dentro da fantasia, assim como muitos outros gêneros, temos classificações menores, os subgêneros, que agrupam e classificam as histórias por sua semelhança. Esses grupos podem ser definidos desde a época em que é baseado até se está associado a algum outro tipo de gênero, como romance e ficção científica.

Vale lembrar que essas classificações não são definitivas, e um mesmo livro pode ser colocado em grupos diferentes. Todas essas divisões vão de pessoa para pessoa. Esse post foi escrito com base em uma pesquisa que fiz, assim como por meio dos meus conhecimentos de cada subgênero. Então, não se trata de conceitos definitivos, mas sim uma perspectiva sobre o tema.

Então, vou falar sobre três subgêneros mais comentados: a alta, baixa e média fantasia.

Alta Fantasia

Imagem de um castelo antigo em neblina, com reflexo abaixo, remetendo a fantasia medieval.

Foto de Tim Rebkavets na Unsplash

A alta fantasia, ou fantasia épica, é o subgênero classificado como clássico dentre as classificações. Sempre há a criação de um mundo novo, na maioria das vezes, similares no período medieval. Então, características atribuídas a construção de mundo, ou worldbuilding, como regras de magia e seres mágicos, recebem atenção ao ser desenvolvidos, muitas das vezes de forma complexa. Mas também outros detalhes como sociedade, cultura e política também podem ser aprofundados e trabalhados na narrativa como um fator determinante para o rumo dos acontecimentos. É nesse gênero que livros como o Senhor dos Anéis se encaixam.

Uma série de livros conhecida da alta fantasia é Sombra e Ossos, da Leigh Burgo, que também conta com uma adaptação da Netflix. A história se passa em um país fictício o qual está dividido por uma barreira, chamada Dobra das Sombras. Alina Starkov é uma cartógrafa do exercito que, ao tentar salvar Maly, seu amigo de infância que tem um interesse romântico, ela conjura poderes antes acreditados ser apenas lenda.

Capa do livro Sombra e Ossos, da autora Leigh Bardugo, publicado no Brasil pela editora Planeta de Livros, no selo Minotauro.

Essa história é um bom exemplo desse subgênero por sua construção de mundo. Todo o universo é ficcional, não possuindo países reais. Além disso, há a presença de monstros e seres místicos, como o Cervo. E, mais ainda, há a presença de magia, que vem com uma série de regras, por exemplo, de ser necessário ter uma aptidão natural para um tipo específico, sendo as pessoas com isso chamadas de Grishas, e o uso das mãos para a conjuração.

(Imagem retirada da Planeta de Livros)

Os elementos citados acima apresentam efeitos sobre toda a sociedade da história. No país que a história se desenvolve, os Grishas tem uma posição política importante, tendo um exercito apenas para si, e que provoca o medo na população. Em contrapartida, em outros lugares, são vistos com desdém e são caçados. Também há a questão da dobra, que permitiu a separação entre a parte dividida do governo, o qual não reconhece esse processo.

Nessa perspectiva, é possível ver que cada aspecto criado para o mundo tem, de sua própria forma, efeito sobre a história. Durante a trajetória de Alina durante esse primeiro livro é afetada por questões políticas, uma vez que, assim que descobrem que ela é a conjuradora das lendas, ela é direcionada sem escolha para o exercito Grisha. Normalmente, essa participação de elementos da sociedade em geral faz parte das narrativas da alta fantasia.

Baixa Fantasia

A baixa fantasia, diferente da alta, se passa em no mundo real em que vivemos. Claro, para entrar na fantasia, é preciso algo que saia do comum. Porém, o mundo apresentado é o nosso, apenas com alterações conforme a construção do universo. Vale ressaltar que não necessariamente tem um mundo extremamente construído, com muitas regras. Pode ser com uma proposta mais simples, fácil de se encaixar na nossa realidade, seja nos tempos atuais ou no passado.

E, é nesse gênero que há o surgimento de mais dois gêneros: a fantasia urbana, e a fantasia histórica.

A fantasia urbana trabalha com a contemporaneidade. Pode ser com um local fictício, mas é impossível não associar aquela realidade com a nossa que vivemos. É nesse ponto em que as séries citadas, Crepúsculo e Instrumentos Mortais entram, por exemplo.

Um exemplo de livro nesse sentido é o Vilão ( tenho uma resenha sobre esse livro) , o qual se passa em cidades normais, que poderiam ser ou são reais. É possível ver a presença de tecnologia conforme a sua data de publicação, 2013. Porém, questões mais profundas como sociedade e política não se diferem tanto com relação a realidade, uma vez que o fator sobrenatural, os ExtraÓrdinários, pessoas que passaram por uma experiência de quase morte e receberam poderes, é algo não reconhecido do resto do mundo.

(Imagem da Editora Record)

 Capa do livro Vilão, volume 01 da série Vilões, escrito por V.E Schwab, publicado no Brasil pela editora Record.

Já a fantasia histórica se relaciona ao passado, normalmente se unindo a fatos e acontecimentos importantes da humanidade. Então, a história, apesar de se diferir por retratar elementos fantásticos, é afetada tanto pelo período quanto a situação do local em que se passa. Tem ligações fortes com a ficção histórica, a qual propõe, sem elementos que extrapolam o mundo real, uma narrativa dentro de um certo momento da história do mundo real. Assim, entre os exemplos mais conhecidos de fantasia histórica, podemos citar, por exemplo, as obras do autor Bernard Corwell.

Capa do livro A Guerra da Papoula, escrito por R. J. Kuang, publicado no Brasil pela editora Intrínseca

A Guerra da Papoula, escrito por R.J Kuang, é narrado durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, e assim, se baseando na história da China. A personagem principal, Rin, perdeu seus pais durante os conflitos, e sua família adotiva procura a vender como noiva para utilizar o dinheiro para expandir seus negócios. Mas, para fugir dessa situação, ela tenta entrar em várias escolas de guerra, e consegue ´passar em uma renomada da região. E, conforme a narrativa se desenrola, Rin descobre ter poderes vindos de uma deusa vingativa.

Nesse livro, vemos como todo os fatores históricos afetam a personagem principal ao ponto de levar elas aos próximos acontecimentos da narrativa. E, da mesma forma, guiam aos elementos mágicos da trama.

(Imagem da editora Intrínseca)

Média Fantasia

A média fantasia é o meio termo entre a alta e a baixa. Muitas das vezes, há a divisão entre duas realidades no mesmo universo, um onde existe uma realidade muito similar a nossa e outra criada pelo autor, se assemelhando as características da alta fantasia. O exemplo mais famoso desse gênero é Harry Potter, em que há uma demarcação muito clara com relação aos locais frequentados por dos bruxos e envolto nessa questão de magia, apesar de ainda existir lugares semelhantes a realidade.

As crônicas de Nárnia narram a história de personagens que vão parar em outro mundo, conhecido como Nárnia. No caso da crônica O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa, o mesmo do filme de 2005, são os irmão Lucia, Edmundo, Susana e Pedro que vão parar, através de um guarda roupa, em uma novo local, dominado por uma feiticeira. Lucia é a primeira a visitar Nárnia, e descobre sobre como a Feiticeira Branca escraviza a todos os habitantes do local. Já Edmundo tem contato direto com a Feiticeira, e recebe a tarefa de levar todos os irmãos para lá em troca de se tornar rei.

(Imagem retirada da Amazon)

Dessa forma, a média fantasia se caracteriza justamente pela inserção de um personagem a um novo mundo ou realidade, e até mesmo por suas transições entre o mundo comum e o fantástico. Na crônica citada acima, Lucia chega a voltar para casa, e a contar para seus irmãos sobre Nárnia, os quais desacreditam nela. E, é nessa característica que a construção do irreal entre as médias fantasias mais se diferencia das outras duas.

Assim como falei anteriormente, para a escrita desse post, precisei fazer uma pesquisa aprofundada no tema. Aqui estão os sites que usei como referência para essa pesquisa, caso queiram se aprofundar em algum desses assuntos:

Fantasy Sub Genres, do site Fantasy Book Review

Quais são os tipos de fantasia, do blog Queria Estar Lendo

Baixa Fantasia, do site Wikipédia

High Fantasy vs Low Fantasy, do site Jericho Writers

Fantasia Histórica, do blog Liga dos Betas

Fantasia Histórica, do Dicionário Digital Insólito Ficcional

A Guerra da Papoula, do blog Queria Estar Lendo

Crônicas de Nánia ( 1 e 2), do blog Garota Devorando Livros

Crônicas de Nárnia, da Toca da Lebre

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